In Memoriam
Fernando Manuel dos Santos Pulido Valente – 21 de Agosto de 1924
Há 100 anos, nasceu em Lisboa, aquele que viria a ser o principal obreiro e impulsionador da nossa Fundação, criada em 1991, em memória de seu Pai, o médico Francisco Pulido Valente.
Depois de uma vida em que esteve sempre presente uma participação cívica e política, primeiro como membro do MUD Juvenil nas lutas contra a ditadura de Salazar e, mais tarde, no movimento sindical, enquanto funcionário da Philips Portuguesa (o que lhe valeu uma reforma antecipadíssima com pouco mais de 50 anos), Fernando Pulido Valente nunca deixou de se envolver nos movimentos sociais no seu bairro, na Ordem dos Engenheiros, nas autarquias e, também, em organizações especializadas como a Sociedade Portuguesa de Radiologia.
Manteve sempre um enorme interesse pela Ciência e a Cultura, realizando, por iniciativa própria, estudos sobre radiações ou pesquisas históricas.
A ele se deve a criação da Fundação Francisco Pulido Valente e muitas das iniciativas que tornaram esta instituição uma referência na sociedade portuguesa, lutando pelo Estatuto de Utilidade Pública (atribuído desde 1996) e estabelecendo uma parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, para um Prémio dedicado à Investigação em Ciência (recentemente renomeado Prémio Ciência João Monjardino).
O meio intelectual em que cresceu (todas as figuras representadas no quadro A Leitura, de Abel Manta, eram visitas regulares de casa de seus Pais) e a forte influência de seu irmão mais velho, Francisco Eduardo, morto aos 26 anos de septicemia (militante do Partido Comunista, médico e grande amigo de Fernando Lopes Graça) conduziram-no para uma forte consciência social e ideias pró-comunistas que o levaram ao Aljube em março de 1947 (durante 3 meses), onde ocupou a cela (curro) ao lado da de Mário Soares.
O afastamento do Partido Comunista era previsível depois dos acontecimentos na Checoslováquia e das inúmeras questões colocadas por quem pensava pela sua própria cabeça.
Em termos profissionais, estudou engenharia eletrotécnica, no Instituto Superior Técnico, e fez carreira na multinacional holandesa Philips (da qual não guardou boas memórias como atrás referido). Paralelamente, e com grande empenho, desenvolveu uma atividade de enorme importância no quadro dos tratamentos radiológicos, fazendo equipa com o físico Silvino Cordeiro, no acompanhamento de uma das primeiras unidades de Raio X instalada no consultório do Dr Idálio de Oliveira. O trabalho destes dois técnicos foi pioneiro no controlo e vigilância das doses de radiação, quer na perspetiva dos doentes, quer dos profissionais de saúde.
Em termos familiares o testemunho vem de quem escreve estas palavras, que sempre o viu como um exemplo e modelo a seguir, nomeadamente, nos valores éticos, morais e de justiça, que sempre pautaram a sua vida.
A Fernando Pulido Valente se deve o livro “In Memoriam – Francisco Pulido Valente” (1ª edição de 1989 e 2ª edição de 2009) e muita da informação que hoje a nossa Fundação coloca à disposição de todos.
Em cada iniciativa, em cada publicação, em cada momento da vida da Fundação Pulido Valente, está a marca que Fernando Pulido Valente deixou.
21 de agosto de 2024
Rui Pulido Valente