A FUndação
Livro em Destaque
Revista de Portugal, Números 1 a 10, de outubro de 1937 a novembro de 1940
*os livros integram a biblioteca da FFPV que está em tratamento e procura nova casa
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Vitorino Nemésio
Livro em destaque
Poeta, romancista, ensaísta, professor, Vitorino Nemésio (1901-1978) foi um dos maiores vultos da cultura portuguesa do século passado, um grande humanista que se atribuía a si próprio uma “consciência de ilhéu”, com uma “açorianidade subjacente”. Foi também um comunicador de excelência, com presença assídua nos écrans da RTP ao longo de toda a década de 70, sobretudo com a sua série SE BEM ME LEMBRO que apresentou entre 1970 e 1975, em programas semanais que fizeram a história desta casa, entraram na memória coletiva e consolidaram a sua popularidade. Nesta coleção dedicada à figura de Nemésio, são enquadrados diversos momentos do seu percurso biográfico, através de documentários sobre a sua vida e obra, mas também com recurso a peças jornalísticas e a magazines temáticos.
A Revista de Portugal foi uma revista fundada, em Coimbra, em 1937, por Vitorino Nemésio e secretariada, inicialmente, por Alberto de Serpa.[2]
A primeira edição da revista data de outubro de 1937,[3].
A última edição data de novembro de 1940.[4]
Publicação trimestral de literatura, ensaio, crítica, poesia, teve um grande impacto na cultura portuguesa na época. Contou, entre outros colaboradores, com José Régio, Miguel Torga, Adolfo Casais Monteiro, João Gaspar Simões, Delfim Santos, Sant’Anna Dionísio e José Marinho.
É através da Revista de Portugal que Vitorino Nemésio publica, pela primeira vez, alguns dos poemas de Bicho Harmonioso e Eu, comovido a Oeste, bem como alguma das páginas, em forma de conto, do que mais tarde viria a ser a sua principal obra em prosa Mau Tempo no Canal, publicada em 1944.
REVISTA DE PORTUGAL. Director: Vitorino Nemésio. Secretário: Alberto de Serpa. Coimbra. 1937-1940. (Porto. Imprensa Portuguesa). 10 números. 16,5×24,5cm. B.
“Não vamos traçar nenhum programa. O nosso melhor programa seriam vinte ou trinta a nos de vida e de realizações de cultura universal e portuguesa. E, envelhecidos, passar o facho adiante, em vez de deixá-lo apagar por fraqueza ou egoísmo de geração. (…) Assim passados já dez ou quinze anos de iniciação e prática intelectual para os mais velhos de nós, a Revista Portugal será o ponto de encontro dos escritores e artistas portugueses agora em plena actividade, com afirmações suficientes para garantirem desde um mínimo de idoneidade, e aquele perfil ou personalidade (pequena ou grande, não importa) que é condição indispensável para que haja Literatura e Arte num país. Juntam-se a nós, com um raro desinterêsse e sentimento do convívio, alguns dos melhores escritores brasileiros de hoje, nossos irmãos na linguagem e nas origens históricas, pioneiros de uma literatura autónoma que cresce dia a dia em originalidade e fôrça (…)” — retirado de Jornal (Revista de Portugal pág. 151 do 1º volume).
“(…) Retomando um título que fez época, e refiro-me à publicação de Eça de Queirós de finais do século passado, a Revista de Portugal estava bem estruturada, revelando um projecto indubitavelmente amadurecido. Era constituida por uma primeira parte consagrada à criação e à teorização literárias; seguia-se uma secção, ´Perspectivas’, que equacionava realizações da época (congressos, exposições, concertos, etc.,), (…) A revista constitui um arquivo marcante da literatura portuguesa, dando a conhecer documentos inéditos de nomeadamente Alexandre Herculano, Álvaro de Campos, Antero de Quental, António Nobre, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Fialho de Almeida, Raul Brandão, (…)”. — retirado de Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX, de Daniel Pires.
Esta apreciada revista teve como colaboradores alguns dos mais conceituados escritores contemporâneos, como: Mário de Sá-Carneiro, Afonso Duarte, António Sérgio, José Régio, Casais Monteiro, Miguel Torga, Carlos Queirós, Ribeiro Couto, Pascoaes, Vitorno Nemésio, Adolfo Casais Monteiro, Agostinho da Silva, Alberto de Serpa, António José Saraiva, entre muitos outros.
Francisco Pulido Valente deixou-nos uma biblioteca que a Fundação pretende manter e que é reveladora dos seus múltiplos interesses e paixões.
A evocação e o estudo da personalidade do patrono da Fundação, obrigam ao conhecimento dos temas de carácter cultural e político que o interessaram e em que se envolveu durante toda a sua vida.
Da biblioteca referida fazem parte diversos livros, dos mais variados autores, línguas e temas. Um número apreciável de obras de autores nacionais contemporâneos, como por exemplo, Aquilino Ribeiro, José Régio, Vitorino Nemésio, Domingos Monteiro, Miguéis, Raul Brandão, António Sérgio, têm dedicatórias dos autores ao Prof. Pulido Valente. Podemos também encontrar na biblioteca os livros de Belard da Fonseca dedicados a Francisco Pulido Valente, sobre os painéis de Nuno Gonçalves, assim como algumas obras de seus amigos de juventude Ramada Curto e Carlos Olavo.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Filosofia
Filosofia
Francisco Pulido Valente sempre foi muito ligado ao neo-positivismo, também designado por Escola de Viena. Esta ligação é ilustrada pela existência na biblioteca de várias obras, algumas em alemão, e pela publicação na revista Seara Nova, de vários artigos, traduzidos dessa língua pelo patrono, a propósito de uma polémica entre Egídio Namorado e Sant’Anna Dionísio.
Francisco Pulido Valente mantinha relações com este filósofo, ligado à escola de Leonardo Coimbra, tendo-lhe oferecido diversos trabalhos seus que figuram na biblioteca.
Lúcio Pinheiro dos Santos, cunhado de Francisco Pulido Valente, também pertencia à escola de Leonardo Coimbra, tendo publicado um artigo sobre este filósofo, num livro de homenagem que também pertence à biblioteca. Foi também autor de um livro-“A Ritmanálise”- referido por Gaston Bachelard no livro “La Dialétique de la Durée”, existente na Biblioteca.
Francisco Pulido Valente mantinha relações com outros filósofos portugueses, como Delfim Santos e António Sérgio, dos quais existem diversas obras na biblioteca, com dedicatórias dos autores.
Ciências exatas
Como é de conhecimento geral, Francisco Pulido Valente sempre se dedicou e estudou extensivamente estas ciências e o seu papel em Medicina.
A existência na biblioteca de obras teóricas sobre a teoria do potencial, em particular do livro do físico António da Silveira sobre electroestática, testemunha a importância que Francisco Pulido Valente atribuía aos fundamentos teóricos da eletrocardiografia.
Francisco Pulido Valente estava consciente da necessidade de aprofundar os seus conhecimentos de Matemática, para melhor compreensão desses fundamentos, o que explica a existência na biblioteca de várias obras desta disciplina.
Além de obras de iniciação e de carácter geral, como um tratado de Camberousse, encontram-se também obras de Bento de Jesus Caraça, oferecidas a Francisco Pulido Valente.
O interesse pelas ciências exactas não se limitava, no entanto, ao domínio da sua aplicação à Medicina. De facto, Francisco Pulido Valente alargava o seu interesse à Física Teórica em geral. Na biblioteca existem várias obras sobre a teoria da relatividade, algumas em alemão, que demonstram o interesse de Francisco Pulido Valente por esta teoria.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Ciências Exatas
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Música
Música
A ligação de Francisco Pulido Valente à música, prende-se fortemente com o seu casamento com Maria Conceição Pinheiro dos Santos, pianista, bolseira do Estado em Bruxelas, onde ganhou o prémio Gurix em 1912.
Da biblioteca fazem parte várias obras sobre música e músicos que pertenceram a Maria da Conceição, entre eles a biografia de J.S. Bach da autoria de Schweitzer, oferecida em 1912 pelo conhecido músico português, Ernesto Vieira.
Existem na biblioteca diversas obras de Luís de Freitas Branco, João Freitas Branco, Viana da Motta e Lopes Graça, oferecidas pelos autores a Maria da Conceição e a Francisco Pulido Valente. De destacar uma partitura de Lopes Graça, Natais Portugueses, com capa de João Abel Manta, oferecida pelo autor a Francisco Pulido Valente, por ocasião do seu 70º aniversário.
Literatura
A cultura literária de Francisco Pulido Valente era principalmente de influência francesa, encontrando-se na biblioteca várias obras de autores como Anatole France, Flaubert, Balzac, Maupassant, Victor Hugo, etc. Muitos dos livros de literatura francesa mais recente, de autores como Gide, Malraux e Aragon, pertenciam ao filho, Francisco Eduardo.
Entre as obras de literatura portuguesa que fazem parte da biblioteca, ocupam um lugar especial as obras de Aquilino Ribeiro, oferecidas pelo autor, grande amigo de Francisco Pulido Valente.
Como curiosidade refira-se a existência na biblioteca de um exemplar do romance “O tio do Doutor Polido” da autoria de Leite Bastos em que é referido um antepassado de Francisco Pulido Valente, Francisco Martins Pulido, alienista e primeiro director do Hospital de Rilhafoles.
Outras obras de autores contemporâneos, oferecidas pelos próprios a Francisco Pulido Valente, figuram. também na biblioteca. Entre estes destacamos, por exemplo José Régio, Vitorino Nemésio, Ferreira de Castro, Domingos Monteiro, Armindo Rodrigues e Manuel Mendes, além evidentemente das obras dos seus amigos íntimos – Ramada Curto, Carlos Olavo, Câmara Reis e Carlos Amaro. Merecem uma referência especial obras de Ricardo Jorge e uma biografia de Júlio Diniz da autoria de Egas Moniz, oferecidas pelos autores a Francisco Pulido Valente.
Para o fim da vida, Francisco Pulido Valente interessou-se pela literatura anglo-saxónica, em especial pela obra de Faulkner.
A literatura espanhola mereceu também um interesse especial de Francisco Pulido Valente, como de resto, toda a cultura espanhola. Entre os autores espanhóis cujas obras, nessa língua, figuram na biblioteca, encontram-se Cervantes, Quevedo, Lope de Vega, Garcia Lorca e Ortega y Gasset.
Existem também diversos livros sobre história de Espanha e sobre história de arte, em castelhano.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Literatura
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Artes Plásticas
Artes Plásticas
Estas artes não ocupam um lugar de destaque entre os interesses de Francisco Pulido Valente. São escassas as obras existentes na biblioteca que a este ramo de arte se referem. Entre estas encontram-se obras de Reynaldo dos Santos, oferecidas a Francisco Pulido Valente. Merecem, todavia, uma referência especial várias obras que tratam dos painéis de S. Vicente, como as obras fundamentais de José Saraiva e José Figueiredo
Autores & obras
- Les Contes du Vieux Japon, em 20 volumes, de T. HASEGAWA
- História da Colonização Portuguesa do Brasil – 2 vols, com dedicatória de Carlos Malheiro Dias
- Fausto de Goethe, edição ilustrada, em alemão, oferecida por Viana da Motta
- História de Espanha, 9 vols. de Ballesteros, em espanhol
- D. Quijote de la Mancha, 2 vols, em espanhol, edição ilustrada por Vierge
- D. Quixote – Introdução e tradução de Aquilino Ribeiro, ilustrações de Lima de Freitas, oferecido por Aquilino Ribeiro no 70º aniversário de FPV
- A Selva, de Ferreira de Castro com ilustrações de Portinari, oferecido pelo autor
- O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, ilustrações de Júlio Pomar, Carlos Botelho e Abel Salazar, oferecido pelo autor
- A Holanda de Ramalho Ortigão
- A Paleta e o Mundo, de Mário Dionísio – 2 Vols
- Conjunto de cerca de 40 livros de Aquilino Ribeiro, com dedicatórias
- 5 números da revista de arte Verve
- Números da revista La Pensée
- Coleção encadernada em 3 vols, em espanhol, de revista sobre a Grande Guerra que pertenceram ao sogro de FPV
- Romancero General de la Guerra de España
- Los de Collioure, sobre os refugiados espanhóis em França
- Conjunto de edições do Novo Cancioneiro, de vários autores
- A Arte de Furtar, atribuído ao Padre António Vieira, datada de 1652
- Jesuítismo, de Miguel Bombarda
- Conjunto de livros sobre psiquiatria de Júlio de Matos
- Conjunto de livros de Medicina antigos
- Edição recente dos desenhos anatómicos de Vesalio
- Relativitätstheorie, de Einstein
- Über die speziell und die allgemeine Relativitätstheorie, idem
- Edição do livro de Wittgenstein – Notebooks 1914-1916
- Edição do livro de Gustave Le Bon, L’équitation Actuelle et ses principes
- Conjunto de obras de Maupassant
- Conjunto de obras de André Gide
- Edição de Poemas de Paul Éluard
- Confissões de J.J. Rousseau, traduzido por Lopes Graça
- A vida de Beethoven de Romain Rolland traduzido por Lopes Graça
- Dicionário da Música de Tomás Borba e Lopes Graça
- Historia del Arte de Woerman- tradução espanhola, 6 vols
- O Romance de Camilo
- Mestre grilo cantava e a giganta dormia
- Romance da Raposa