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Livro em Destaque
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Broteria, 1959
*os livros integram a biblioteca da FFPV que está em tratamento e procura nova casa
Biblioteca Francisco Pulido Valente
A História da Revista Brotéria
Livro em destaque
Fundada em 1902, em Louriçal do Campo, por Joaquim da Silva Tavares (1866-1931), Cândido Azevedo Mendes (1874-1943) e Carlos Zimmermann (1871-1950), professores do Colégio de São Fiel, a Brotéria – Revista de Sciencias Naturaes destacou-se no panorama das publicações científicas portuguesas entre o ano da sua fundação e 2002.
Na Brotéria publicaram-se mais de 1300 artigos de investigação em áreas como a Botânica, a Zoologia e a Genética, e foram descritas e classificadas sistematicamente 1327 novas espécies zoológicas e 887 novas espécies botânicas, uma clara indicação da relevância científica desta revista em contexto nacional e internacional. Por outro lado, entre 1907 e 1925, foram publicados cerca de 450 artigos de divulgação na série de Vulgarização Científica, em áreas tão díspares como Química, Física, Agricultura, Biologia e Medicina.
A Brotéria foi instituída em 1902, em homenagem a Félix de Avelar Brotero (1744-1829), seguindo a necessidade dos naturalistas da Companhia de Jesus publicarem os resultados das suas investigações, iniciadas nos anos anteriores. Silva Tavares, por exemplo, tinha apresentado resultados dos seus estudos em zoocecídias pela primeira vez nos Anais de Ciências do Porto (1900), razão pela qual acabou por ser nomeado membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, em 1903. Viria ainda a ser nomeado, por unanimidade, membro efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, a 6 de Março de 1928, uma nomeação que foi amplamente noticiada nos periódicos portugueses e lhe valeu a felicitação de Egas Moniz. O interesse científico de Silva Tavares pelas cecídias, estruturas comummente designadas por galhas e que se desenvolvem na planta em resposta ao ataque de outros seres vivos, iniciado em 1900, teve a sua continuação natural na “Brotéria”, onde publicou cerca de 50 artigos originais, ao longo dos 30 anos em que foi seu director. Neste período em que Silva Tavares foi seu director, publicaram-se maioritariamente artigos de taxonomia em Botânica e Zoologia. A Brotéria nascera com um objectivo erudito e científico, mas cinco anos após a sua fundação, em 1907, a revista de Ciências Naturais deu origem a três séries distintas: “Vulgarização Científica”, “Botânica” e “Zoologia”. A série de Vulgarização Científica, totalmente escrita em português, tinha sido especialmente criada para equilibrar a falta de assinantes em Portugal, não pondo, porém, em causa o carácter estritamente científico das séries de Zoologia e de Botânica, onde se continuavam a publicar apenas artigos de investigação originais. A série de “Vulgarização Científica” estaria na origem, a partir de 1925, de uma série de propósitos mais culturais, que hoje subsiste com o subtítulo de “Cristianismo e Cultura”.
As duas séries de especialidade científica foram reunidas em 1932, pelo jesuíta suíço Afonso Luisier (1872-1957), recuperando a sua designação inicial de “Ciências Naturais”. Luisier, director da Brotéria entre 1932 e 1957 e especialista internacional em briófitas, descobriu e descreveu, ao longo da sua carreira científica, 18 novas espécies e 13 novas variedades de musgos. No Instituto Nun’Alvres (Caldas da Saúde, Santo Tirso) conserva-se ainda hoje a sua excelente colecção de musgos dividida em três secções: “Bryotheca Europaea”, “Bryotheca Atlantica” e “Bryotheca Exótica”. Numa onda crescente de notoriedade científica, Luisier foi nomeado sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa (1933), tendo-se seguido a atribuição do grau de Doutor honoris causa em Ciências Naturais pela Faculdade de Ciências do Porto (1942) e o agraciamento com o Oficialato da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (1957), pelas mãos do Subsecretário da Educação Nacional, Baltazar Rebelo de Sousa. Entre 1939 e 1957, sob a direcção de Luisier, surgiu na Brotéria uma série de artigos de um grupo de geneticistas liderado por António Sousa da Câmara (1901-1971), fundador e primeiro director da Estação Agronómica Nacional. Este grupo, do Departamento de Genética da Estação Agronómica, foi o que participou mais activamente na escrita de artigos sobre o desenvolvimento da Genética de plantas na Brotéria, nesta fase da revista. Estes factos demonstram que os jesuítas portugueses acompanhavam, com a maior actualidade, as novidades científicas e as investigações que tinham lugar no nosso país, durante o período do Estado Novo, representando um dos periódicos de eleição para publicação dos principais resultados de investigação em Genética de melhoramento de plantas em Portugal.
A revista Brotéria ainda hoje se encontra em actividade com publicações periódicas e modenizada com acesso na internet: https://www.broteria.org/pt/revista
Francisco Pulido Valente deixou-nos uma biblioteca que a Fundação pretende manter e que é reveladora dos seus múltiplos interesses e paixões.
A evocação e o estudo da personalidade do patrono da Fundação, obrigam ao conhecimento dos temas de carácter cultural e político que o interessaram e em que se envolveu durante toda a sua vida.
Da biblioteca referida fazem parte diversos livros, dos mais variados autores, línguas e temas. Um número apreciável de obras de autores nacionais contemporâneos, como por exemplo, Aquilino Ribeiro, José Régio, Vitorino Nemésio, Domingos Monteiro, Miguéis, Raul Brandão, António Sérgio, têm dedicatórias dos autores ao Prof. Pulido Valente. Podemos também encontrar na biblioteca os livros de Belard da Fonseca dedicados a Francisco Pulido Valente, sobre os painéis de Nuno Gonçalves, assim como algumas obras de seus amigos de juventude Ramada Curto e Carlos Olavo.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Filosofia
Filosofia
Francisco Pulido Valente sempre foi muito ligado ao neo-positivismo, também designado por Escola de Viena. Esta ligação é ilustrada pela existência na biblioteca de várias obras, algumas em alemão, e pela publicação na revista Seara Nova, de vários artigos, traduzidos dessa língua pelo patrono, a propósito de uma polémica entre Egídio Namorado e Sant’Anna Dionísio.
Francisco Pulido Valente mantinha relações com este filósofo, ligado à escola de Leonardo Coimbra, tendo-lhe oferecido diversos trabalhos seus que figuram na biblioteca.
Lúcio Pinheiro dos Santos, cunhado de Francisco Pulido Valente, também pertencia à escola de Leonardo Coimbra, tendo publicado um artigo sobre este filósofo, num livro de homenagem que também pertence à biblioteca. Foi também autor de um livro-“A Ritmanálise”- referido por Gaston Bachelard no livro “La Dialétique de la Durée”, existente na Biblioteca.
Francisco Pulido Valente mantinha relações com outros filósofos portugueses, como Delfim Santos e António Sérgio, dos quais existem diversas obras na biblioteca, com dedicatórias dos autores.
Ciências exatas
Como é de conhecimento geral, Francisco Pulido Valente sempre se dedicou e estudou extensivamente estas ciências e o seu papel em Medicina.
A existência na biblioteca de obras teóricas sobre a teoria do potencial, em particular do livro do físico António da Silveira sobre electroestática, testemunha a importância que Francisco Pulido Valente atribuía aos fundamentos teóricos da eletrocardiografia.
Francisco Pulido Valente estava consciente da necessidade de aprofundar os seus conhecimentos de Matemática, para melhor compreensão desses fundamentos, o que explica a existência na biblioteca de várias obras desta disciplina.
Além de obras de iniciação e de carácter geral, como um tratado de Camberousse, encontram-se também obras de Bento de Jesus Caraça, oferecidas a Francisco Pulido Valente.
O interesse pelas ciências exactas não se limitava, no entanto, ao domínio da sua aplicação à Medicina. De facto, Francisco Pulido Valente alargava o seu interesse à Física Teórica em geral. Na biblioteca existem várias obras sobre a teoria da relatividade, algumas em alemão, que demonstram o interesse de Francisco Pulido Valente por esta teoria.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Ciências Exatas
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Música
Música
A ligação de Francisco Pulido Valente à música, prende-se fortemente com o seu casamento com Maria Conceição Pinheiro dos Santos, pianista, bolseira do Estado em Bruxelas, onde ganhou o prémio Gurix em 1912.
Da biblioteca fazem parte várias obras sobre música e músicos que pertenceram a Maria da Conceição, entre eles a biografia de J.S. Bach da autoria de Schweitzer, oferecida em 1912 pelo conhecido músico português, Ernesto Vieira.
Existem na biblioteca diversas obras de Luís de Freitas Branco, João Freitas Branco, Viana da Motta e Lopes Graça, oferecidas pelos autores a Maria da Conceição e a Francisco Pulido Valente. De destacar uma partitura de Lopes Graça, Natais Portugueses, com capa de João Abel Manta, oferecida pelo autor a Francisco Pulido Valente, por ocasião do seu 70º aniversário.
Literatura
A cultura literária de Francisco Pulido Valente era principalmente de influência francesa, encontrando-se na biblioteca várias obras de autores como Anatole France, Flaubert, Balzac, Maupassant, Victor Hugo, etc. Muitos dos livros de literatura francesa mais recente, de autores como Gide, Malraux e Aragon, pertenciam ao filho, Francisco Eduardo.
Entre as obras de literatura portuguesa que fazem parte da biblioteca, ocupam um lugar especial as obras de Aquilino Ribeiro, oferecidas pelo autor, grande amigo de Francisco Pulido Valente.
Como curiosidade refira-se a existência na biblioteca de um exemplar do romance “O tio do Doutor Polido” da autoria de Leite Bastos em que é referido um antepassado de Francisco Pulido Valente, Francisco Martins Pulido, alienista e primeiro director do Hospital de Rilhafoles.
Outras obras de autores contemporâneos, oferecidas pelos próprios a Francisco Pulido Valente, figuram. também na biblioteca. Entre estes destacamos, por exemplo José Régio, Vitorino Nemésio, Ferreira de Castro, Domingos Monteiro, Armindo Rodrigues e Manuel Mendes, além evidentemente das obras dos seus amigos íntimos – Ramada Curto, Carlos Olavo, Câmara Reis e Carlos Amaro. Merecem uma referência especial obras de Ricardo Jorge e uma biografia de Júlio Diniz da autoria de Egas Moniz, oferecidas pelos autores a Francisco Pulido Valente.
Para o fim da vida, Francisco Pulido Valente interessou-se pela literatura anglo-saxónica, em especial pela obra de Faulkner.
A literatura espanhola mereceu também um interesse especial de Francisco Pulido Valente, como de resto, toda a cultura espanhola. Entre os autores espanhóis cujas obras, nessa língua, figuram na biblioteca, encontram-se Cervantes, Quevedo, Lope de Vega, Garcia Lorca e Ortega y Gasset.
Existem também diversos livros sobre história de Espanha e sobre história de arte, em castelhano.
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Literatura
Biblioteca Francisco Pulido Valente
Artes Plásticas
Artes Plásticas
Estas artes não ocupam um lugar de destaque entre os interesses de Francisco Pulido Valente. São escassas as obras existentes na biblioteca que a este ramo de arte se referem. Entre estas encontram-se obras de Reynaldo dos Santos, oferecidas a Francisco Pulido Valente. Merecem, todavia, uma referência especial várias obras que tratam dos painéis de S. Vicente, como as obras fundamentais de José Saraiva e José Figueiredo
Autores & obras
- Les Contes du Vieux Japon, em 20 volumes, de T. HASEGAWA
- História da Colonização Portuguesa do Brasil – 2 vols, com dedicatória de Carlos Malheiro Dias
- Fausto de Goethe, edição ilustrada, em alemão, oferecida por Viana da Motta
- História de Espanha, 9 vols. de Ballesteros, em espanhol
- D. Quijote de la Mancha, 2 vols, em espanhol, edição ilustrada por Vierge
- D. Quixote – Introdução e tradução de Aquilino Ribeiro, ilustrações de Lima de Freitas, oferecido por Aquilino Ribeiro no 70º aniversário de FPV
- A Selva, de Ferreira de Castro com ilustrações de Portinari, oferecido pelo autor
- O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, ilustrações de Júlio Pomar, Carlos Botelho e Abel Salazar, oferecido pelo autor
- A Holanda de Ramalho Ortigão
- A Paleta e o Mundo, de Mário Dionísio – 2 Vols
- Conjunto de cerca de 40 livros de Aquilino Ribeiro, com dedicatórias
- 5 números da revista de arte Verve
- Números da revista La Pensée
- Coleção encadernada em 3 vols, em espanhol, de revista sobre a Grande Guerra que pertenceram ao sogro de FPV
- Romancero General de la Guerra de España
- Los de Collioure, sobre os refugiados espanhóis em França
- Conjunto de edições do Novo Cancioneiro, de vários autores
- A Arte de Furtar, atribuído ao Padre António Vieira, datada de 1652
- Jesuítismo, de Miguel Bombarda
- Conjunto de livros sobre psiquiatria de Júlio de Matos
- Conjunto de livros de Medicina antigos
- Edição recente dos desenhos anatómicos de Vesalio
- Relativitätstheorie, de Einstein
- Über die speziell und die allgemeine Relativitätstheorie, idem
- Edição do livro de Wittgenstein – Notebooks 1914-1916
- Edição do livro de Gustave Le Bon, L’équitation Actuelle et ses principes
- Conjunto de obras de Maupassant
- Conjunto de obras de André Gide
- Edição de Poemas de Paul Éluard
- Confissões de J.J. Rousseau, traduzido por Lopes Graça
- A vida de Beethoven de Romain Rolland traduzido por Lopes Graça
- Dicionário da Música de Tomás Borba e Lopes Graça
- Historia del Arte de Woerman- tradução espanhola, 6 vols
- O Romance de Camilo
- Mestre grilo cantava e a giganta dormia
- Romance da Raposa