O GRUPO DO CONSULTÓRIO

Sobre Aquilino Ribeiro

Nascido em Carregal da Tabosa, Sernancelhos esteve desde cedo destinado pela família ao sacerdócio. Frequentou o colégio jesuíta da Lapa e os seminários de Lamego, Viseu e Beja desistindo, contudo, da carreira eclesiástica por falta de vocação.

Fixou então residência em Lisboa e dedicou-se à tradução e ao jornalismo, defendendo o ideal republicano, movimento em que participou de forma ativa. Detido em 1907, na sequência de uma explosão que matou dois correligionários, fugiu para Paris, onde frequentou os cursos de Sociologia e Filosofia na Sorbonne e escreveu o seu primeiro livro: O jardim das tormentas (1913).

De regresso a Portugal em 1914, na sequência da eclosão da I Guerra Mundial, foi durante três anos professor no liceu Camões e, mais tarde, conservador na Biblioteca Nacional, a cujos quadros pertenciam intelectuais de renome, como Jaime Cortesão e Raul Proença, grupo ao qual se juntou e que esteve na génese da revista Seara Nova (1921).

As suas posições contra a ditadura militar que, entretanto se instalara, valeram-lhe várias perseguições entre 1927 e 1928, tendo sido preso neste último ano. Na sequência de uma fuga rocambolesca, partiu de novo para Paris, onde permaneceu até 1932, data em que se instalou definitivamente em Portugal e se dedicou plenamente à escrita. Considerado um dos maiores prosadores do século XX, a sua vasta obra abrange domínios tão variados como o romance, a novela, o conto, a biografia, as memórias, a literatura infantil ou os estudos históricos e etnográficos.

Nunca abdicou, contudo, da consciência política e cívica, continuando a participar em ações contra a ditadura de Salazar: aderiu ao MUD; apoiou a campanha presidencial de Norton de Matos; integrou a comissão promotora do voto e militou na candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República.