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Sobre Amílcar Ramada Curto

Depois de ter concluído o liceu em Lisboa, ingressou no curso de Direito da Universidade de Coimbra, onde foi um dos impulsionadores da greve académica de 1907, na qual se reivindicou a renovação pedagógica, cultural, intelectual e política daquela instituição. A participação no protesto, que constituiu um dos acontecimentos sociais e políticos mais marcantes do governo de João Franco, valeu-lhe a expulsão, seguido de uma amnistia.

Fundou em 1901 os jornais A Liberdade A Marselhesa, desmantelados pela polícia nesse mesmo ano, e manteve uma estreita ligação com a imprensa periódica, colaborando no Diário de Lisboa e no Jornal de Notícias, entre vários outros. Militante republicano desde os tempos de estudantes, foi um dos principais fundadores, com Carlos Olavo, José Montês, Carlos Amaro e Bissaya Barreto, do Centro Republicano Académico, tendo contribuído para a preparação do movimento revolucionário de 5.10.1910. Deputado da Assembleia Constituinte desde 1911, ocupou o cargo de Ministro do Trabalho no governo de Domingos Leire Pereira (1919). Em 1920 filiou-se no Partido Socialista Português, embora se considerasse um dissidente de todos os partidos. Opositor ao Estado Novo, apoiou a candidatura de Humberto Delgado.

Exerceu advocacia e interveio nalguns dos processos-crime mais célebres do seu tempo, nomeadamente o julgamento dos réus implicados na Noite Sangrenta (1921) e o caso Angola e Metrópole (1925).

Publicou trabalhos jurídicos, crónicas, obras de ficção e várias peças teatrais, algumas levadas à cena no Teatro Nacional D. Maria II. Em termos literários manteve-se fiel ao realismo naturalista de finais do século XIX, e os seus livros, nos quais predomina a crítica social e de costumes, expressam claras preocupações de fundo moralizante.

Foi grande amigo de Francisco Pulido Valente.